Longe das ruas por causa da pandemia, ambulantes de Belo Horizonte sobrevivem com rede de solidariedade da categoria

Por Thais Pimentel, G1 Minas — Belo Horizonte

 


Ambulantes de Belo Horizonte sobrevivem com doações desde o início da pandemia — Foto: Associação de Ambulantes de BH/Arquivo pessoal

Ambulantes de Belo Horizonte sobrevivem com doações desde o início da pandemia — Foto: Associação de Ambulantes de BH/Arquivo pessoal

Há seis meses, Alexandra Fonseca, que costumava levar seu carrinho de bebidas para o entorno do estádio Mineirão, na Região da Pampulha, em Belo Horizonte, vive de doações. Desde o início da pandemia do novo coronavírus, com o fim dos jogos com torcida, a vendedora ambulante que tem cinco filhos, quatro deles menores de idade, tem se virado “como Deus quer”, diz ela.

“Eu andava essa Belo Horizonte toda. Vendia minha cervejinha nos dias de jogos. Há 15 anos que trabalho na rua. Agora ficou tudo muito difícil. Tem quem me arruma uma cesta básica, fruta. É na base da ajuda mesmo”, falou Alexandra.

Ela é uma entre centenas de ambulantes que tem contado com uma rede de solidariedade criada pela Associação de Vendedores Ambulantes de Belo Horizonte. Desde março, quando o isolamento social começou e os eventos de rua desapareceram, campanhas feitas pela entidade conseguiram arrecadar 280 cestas básicas e 1.250 kits de hortaliças.

“A gente vai se ajudando. Quem tem um pouquinho a mais dá para quem não tem nada. É muito difícil, mas a gente vai levando assim”, disse a ambulante Vânia Lúcia Rosa, que também vendia bebidas nas ruas da cidade.

Antes da pandemia, com o trabalho de quinta a domingo, ela conseguia garantir a renda da casa por uma semana. Antes de março, eram apenas Vânia e o marido. Agora, ela também ajuda a cuidar dos netos e acabou abrigando uma sobrinha que foi despejada com os dois filhos.

Cestas de alimentos arrecadados pela Associação de Ambulantes de Belo Horizonte — Foto: Associação de Ambulantes de BH/Arquivo pessoal

Cestas de alimentos arrecadados pela Associação de Ambulantes de Belo Horizonte — Foto: Associação de Ambulantes de BH/Arquivo pessoal

“A nossa categoria é meio invisível, né? A gente que é informal fica meio perdido no meio disso tudo, sem apoio”, contou Vânia.

Alexandra tem sobrevivido apenas da rede de solidariedade. Ela não conseguiu receber o auxílio emergencial e seus filhos não tiveram acesso às cestas básicas da prefeitura porque estão nas escolas estaduais.

“Tomara que isso tudo acabe logo. Até sonhei que estava trabalhando”, disse ela que não se arrisca sair de casa porque o caçula tem problemas cardíacos.

Belo Horizonte tem hoje mais de 12 mil vendedores ambulantes. São vendedores de picolé, pipoca, frutas, churros e bebidas que viram a renda desaparecer com a pandemia.

“Eu sinto saudade do barulho, do movimento, da buzina. Eu tenho vivido a minha vida pela greta, do buraco”, contou Vânia.

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